05 setembro, 2007

Flying back home...

Todos os dias da minha vida estive contigo - como se todas as amizades anteriores fossem só o caminho para chegar a ti, como se todas as amizades posteriores fossem apenas a ausência de ti. Mais delicadas, mais ritmadas, mais claras - menos tu.

Arrumei os amores, é a primeira regra da vida - saber arquivá-los, entendê-los, contá-los, esquecê-los. Mas ninguém nos diz como se sobrevive ao murchar de um sentimento que não murcha. A amizade só se perde por traição - como a pátria.

Como é que, de um dia para o outro, a tua voz deixou de me procurar, e eu deixei que a minha vida dispensasse o espelho da tua?

Passávamos horas ao telefone. A repetir ao pormenor todas as novidades do dia. A especular sobre as causas ocultas de cada gesto ou palavra dos nossos amantes. A projectar obras grandiosas que nos elevariam ao Olimpo da inteligência. A anotar os pormenores maus das pessoas boas. A esfaquear metodicamente as pessoas más. A fazer de conta que éramos os melhores e os piores do mundo. A escutar em estereofonia a faixa mais bonita do mais recente disco de cada um. Por isso nunca fui capaz de perceber as distinções entre conversas de homem e conversas de mulher. Tu eras tão mulher como eu, eu era tão homem como tu - e cada um de nós tinha sexo, claro, tudo entre nós era sexo...

Fazes-me Falta, Inês Pedrosa

1 comentário:

Sophia disse...

Bonito excerto!
... Bom regresso! ;)

;) Baci