29 agosto, 2006


Há o sofrimento, a paixão, o carinho, a alegria e a dor, a cumplicidade e o respeito, experiências boas e relações falhadas, escolhas e caminhos cruzados, mas principalmente e mais importante: há o renascer. A possibilidade de reconstrução pessoal. De amar depois de amar.

Não se consegue parar de ler... é muuuuuito bom!


Este novo título da colecção "O Fio da Navalha" foi alvo de grande interesse pela sua originalidade, desde a sua publicação no Reino Unido. Engendrado como um caso de julgamento em tribunal, vivido na primeira pessoa pela própria ré, o autor soube apresentá-lo como um soberbo thriller.
Clarissa é uma mulher de 27 anos, bonita, reservada. Ainda convalescente de um brutal acidente de automóve, tem de assistir, sentada no banco dos réus, ao seu próprio julgamento por homicídio qualificado. Acusada de ter assassinado o ex-namorado e sócio, assiste aos depoimentos das testemunhas e ao acumular de provas, enquanto a sua vida íntima e a sua relação com o homem que amava vão sendo dissecadas perante a assistência.
Vítima de um trauma que lhe roubou a memória dos acontecimentos que precederam o acidente, Clarissa é incapaz de explicar até mesmo o que fazia naquela estrada à hora em que devia encontrar-se no seu local de trabalho.
À medida que o processo se desenrola, Clarissa acha cada vez mais difícil acreditar na sua própria inocência.
A intriga é sustentada por uma escrita inteligente e contida, intensa, que flui elegantemente para criar uma atmosfera vívida, tanto das cenas do julgamento como da vida na prisão, entre guardas e presidiárias.

Antes do fim...


Duas lindas histórias de amor, passadas em Barcelona.
Coincidiu com a minha viagem a essa cidade fabulosa...
É um livro diferente, e muito bem escrito.
Vale a pena ter este "penúltimo sonho"...

Será possível?


A primeira vez que senti de perto a garra do terrorismo foi depois do atentado contra a Direcção-Geral da Guarda Civil de Madrid. (...) Quando cheguei ao local, a cena era dantesca. O corpo de uma mulher de idade estava estendido no chão. Os veículos estavam destroçados. Informaram-me sobre o número dos feridos; entre eles havia um menino de pouca idade que tinha sido enviado para o hospital. Faleceu no dia seguinte. Foi a primeira criança, Luis Delgado, cujo cadáver levantei num atentado da ETA.
Quem me conhece diz que mantenho a calma nas situações-limite, sobretudo quando enfrento a morte. É verdade, mas há algo que não consigo superar, por muito que o tente: a morte de uma criança. A verdade é que aquele dia ficou-me marcado, como todos aqueles em que fui obrigado a levantar o cadáver de um menino ao longo dos vinte e quatro anos que exerço como juiz. Esta sensação de desamparo e frustração voltei a experimentá-la por altura dos atentados terroristas de 11 de Março de 2004 em Madrid, ao ver os cenários dantescos, com os cadáveres espalhados pela estação de Atocha.
Que justificação pode ter a violência quando vês os olhos abertos, surpreendidos ou inertes no corpo sem vida de uma criança? Que explicação podem dar esses miseráveis mercenários do terror que dispõem da vida alheia como se se tratasse de algo próprio ou de algo sem valor?

Sem heróis... Um filme impressionante.





















A realidade é sempre mais estranha que a ficção, costuma dizer-se. Mas é por isso que "Voo 93" mexe com o espectador muito mais do que uma mera ficção da angústia: porque o que se vê no filme do inglês Paul Greengrass não é ficção. É a história verídica do voo 93 da United Airlines de Nova Iorque para São Francisco, um dos quatro aviões desviados por terroristas muçulmanos no dia 11 de Setembro de 2001, e o único dos quatro que não chegou ao seu alvo (que se supunha ser o Capitólio, em Washington), devido a uma tentativa dos passageiros de retomar o controle do avião.

26 agosto, 2006

Cada lugar teu...


Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
Tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
Tento esquecer a mágoa
Guardar só o que é bom de guardar...

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
Sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar...

Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
E até o que virá e até o que eu sonhei
Diz-me que vais guardar e abraçar
tudo o que eu te dei.

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só

Eu vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar...



Mafalda Veiga

19 agosto, 2006













Mas é preciso morrer e nascer de novo,
Semear no pó e voltar a colher,
Há que ser trigo, depois ser restolho,
Há que penar p'ra aprender a viver.

E a vida não é existir sem mais nada,
A vida não é dia sim dia não,
É feita em cada entrega alucinada
P'ra receber daquilo que aumenta o coração.

15 agosto, 2006