15 setembro, 2007

De onde viemos e para onde vamos é uma questão que ninguém sabe ao certo responder. Mas o que fazemos com a vida durante nossa passagem pela Terra, Inês Pedrosa responde com primazia em "Fazes-me Falta".
Uma das surpresas da obra é apresentar um livro a duas vozes, confissões de um diário, páginas de um amor travestido de amizade e nunca concretizado. Detalhe: um dos narradores, a mulher, está morta. É neste ponto que Inês escapa do comum e presenteia o leitor com uma história delicada, sutil e recheada de ensinamentos que não são restritos aos dilemas amorosos
O livro perpassa por traições, interesses, escolhas, religiosidade, arrependimentos e acertos para, mais tarde, como se a narrativa caminhasse na roda da fortuna, recair no amor. Esse é o fato inusitado em "Fazes-me Falta": tudo tem como pano de fundo o amor, independente da máscara que vista, seja o amor-afeto, amor-amigo ou amor-erótico, num eterno rolar da pedra de Sísifo.
Na intimidade do diário é possível flutuar de um mundo ao outro, conhecer alguns segredos sobre a morte e, principalmente, tirar um grande aprendizado: o que fazer da vida quando uma parte de nós deixa de viver? “Quando morre alguém uma parte de nós é obrigada a morrer e renascer”.
Crítica de Fernanda Couto

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