18 dezembro, 2007

Feels like home...

Agora, todos os dias são assim. Tenho um desejo insano de chegar a casa, tirar a maquilhagem da cara, descalçar os sapatos e procurar o silêncio que não existe na minha vida profissional. Um desejo absurdo que às vezes é tão intenso que quase me dói fisicamente. As horas passam, depois de um compromisso vem outro. E mais outro. Depois de uma tarefa há sempre qualquer coisa que se não for cumprida porá em risco o trabalho de outras pessoas. E, por fim, já é possível fugir e procurar abrigo.
No carro, imagino a sensação de plenitude que me dará o facto de ter a cintura liberta para uma calças largas, o toque macio de um pijama, a alegria simples de meter o corpo cansado no duche. Corro para casa para executar o plano. A tinta sai, os sapatos saltam, a roupa da rua fica abandonada na cadeira do quarto.
Com a cara limpa, o corpo esfregado e a alma sôfrega procuro o derradeiro elemento, essencial para restabelecer o meu equilíbrio.


Júlia Pinheiro, in Revista Máxima

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