16 novembro, 2006

Não sabemos nada


Nunca saberemos se os enganados
são os sentidos ou os sentimentos,
se viaja o comboio ou a nossa vontade
se as cidades mudam de lugar
ou se todas as casas são a mesma. :))

Nunca saberemos se quem nos espera
é quem nos deve esperar, nem sequer
quem temos de aguardar no meio
de um cais frio. Não sabemos nada.

Avançamos às cegas e duvidamos
se isto que se parece com a alegria
é só o sinal definitivo
de que nos voltámos a enganar.


Amalia Bautista

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Curiosidade:

AMANITA MUSCARIA, o famoso cogumelo encarnado e com pintas brancas dos contos infantis, quando ingerido induz espasmos musculares, tontura e vómitos e diarreia se muitos cogumelos forem comidos, advindo depois um profundo sono cheio de sonhos fantásticos, que pode persistir até 2 horas ou mais. Ao despertar, o indivíduo experimenta uma 'boa viagem" e urna sensação de elação que persiste por várias horas.
Cogumelos frescos contêm o ácido ibotêmico, que tem efeito sobre o sistema nervoso, sendo os cogumelos secos muito mais potentes. Isso ocorre porque o ácido ibotêmico, com a secagem, é degradado em mucinol, após descarboxilação, sendo 5 a 10 vezes mais psicoativo. Cogumelos secos são capazes de manter sua potência por 5 a 11 anos.
Poucas mortes foram, até hoje, relacionadas com esse tipo de envenenamento e 10 ou mais cogumelos podem constituir-se em uma dose fatal. Na maioria dos casos o melhor tratamento é o não-tratamento, pois a recuperação é espontânea e completada em 24 horas. Dizem os relatos que pessoas sob os efeitos dos princípios activos do cogumelo escarlate mosqueado tornam-se hiperactivos, fazendo movimentos compulsivos e descoordenados, falando sem parar e com a percepção de realidade totalmente alterada. Ocasionalmente, a experiência pode tornar-se altamente depressiva.
O nome específico - MUSCARIA - é relativo à menção feita por Albertus Magnus no século XIII de que o fungo esmagado em leite teria a capacidade de matar moscas domésticas. Em diferentes países do continente Europeu o método é ainda hoje utilizado, como acontece na Polónia e nas repúblicas Tcheco e Slovaquia. Nas áreas rurais da Roménia, o fungo é frequentemente colocado no batente das janelas das casas para evitar a entrada de moscas.
No capítulo "Fungos alucinógenos", do livro "O Grande Mundo dos Fungos" de LACAZ et al.(1970), Mingoia refere-se à obra "As Drogas e a Mente", de Robert S. de Rapp, publicada em 1967. Segundo este autor, os povos primitivos do Nordeste da Ásia, os Tungus, os Yakuts, os Chukechens, os Koryaks e os Kanchadales dão um uso peculiar a este cogumelo. Comem-no como intoxicante durante os intermináveis invernos, quando o sol mal se levanta no horizonte e a solidão torna-se total e depressiva em uma ameaça persistente e duradoura que parece não mais ter fim. Nessas condições, qualquer forma de inebriamento ou fuga pode ser considerada melhor do que nenhuma. Falam as crónicas sobre os Koryaks que os ricos dariam uma rena inteira ou até mesmo quatro por um único cogumelo seco, pois A. MUSCARIA apresenta a vantagem de que seu princípio ativo é excretado intacto pela urina, podendo ser reciclado e utilizado outra vez por homens e mulheres em banquetes orgíacos. À medida que a festa se desenrolava, depois da ingestão dos cogumelos, os participantes tornavam-se mais animados, gritavam, cantavam, agitavam-se, conversavam com seres, entes ou pessoas inexistentes, pulavam desenfreadamente, imaginando a existência de barreiras e estorvos tão altos que os obrigavam a transpô-los. Assim, a festa continuava com as pessoas transformadas por um estado de exacerbada emoção até que vinha o sono profundo do estupor e exaustão total.
De acordo com a tradição escandinava, os Vikings comiam o cogumelo mosqueado para guerrear frenética e incansavelmente. Embora popularmente seja visto como o mais venenoso cogumelo de "chapéu", A. MUSCARIA jamais causou a morte de pessoas saudáveis. Usualmente, de uma a três horas depois de sua ingestão, há um período de delírio e alucinações, por vezes acompanhado de certas perturbações gastrointestinais. Após algumas horas desse estado de excitação psíquica, advém um intenso estupor e o indivíduo acorda sem se lembrar de coisa alguma do que se passou.
A variação da opinião dos autores relativamente a este fungo deve-se, provavelmente, a que as substâncias intoxicantes, que se situam principalmente na camada superficial do píleo, variam consideravelmente em suas quantidades de acordo com a região e as condições nas quais os cogumelos se desenvolvem.

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