06 outubro, 2006

Ausência
















Não me deixes adormecer assim.
A tua ausência passeia-se zombeteira pela casa,
confunde-se com as minhas lágrimas no duche matinal,
arrasta-se comigo para a cama e deixa um profundo sulco na minha almofada.

Não me deixes adormecer assim.
A tua ausência desarruma-me os livros do escritório
e faz perdurar o cheiro frio do cinzeiro atulhado de angústia fumada.
A tua ausência empederniu os meus tão queridos livros de poesia
(agora as páginas teimam em não se deixar folhear, parecem mármores
colossais, cheias de símbolos indecifráveis).

Não me deixes adormecer assim ou então promete-me:
será este o último sono induzido pelo teu não-estar.
Amanhã,
quando eu acordar,
será a tua presença,
e não a tua ausência,
a dar-me um grande beijo de bom dia.

Rita Ferro Rodrigues

2 comentários:

asdrubal tudo bem disse...

Se bem percebi este poema é da Rita Ferro Rodrigues certo? como é que é possível uma miúda interessante esperta e culta estar a apresentar um verdadeiro programa de merda na SIC?

Crisis disse...

É verdade... :))

Quanto ao programa, não posso comentar grande coisa pq só vi algumas partes, uma ou duas vezes.

Mas para conhecer melhor a RFR aconselho uma visita ao seu blog - http://sorriso-do-bisturi.blogspot.com/