12 maio, 2005

Tempo Branco

A felicidade não é um estado permanente, definitivo.
Não são as situações firmes, seguras, prolongadas, que desencadeiam num ser esse processo rápido e possante que faz brilhar os olhos e abrir os lábios num sorriso franco.
Nem são, tão pouco, situações que vão ficar gravadas na memória e no coração como estrelas cintilantes no céu velado da existência.
São momentos...
Momentos feitos dessa substância etérea, sublime e fugaz...
Momentos que se evadem no tempo e no espaço deixando poeiras enfeitiçadas aqui e ali...
Momentos passados... manchas de luz nas paredes, outrora vazias, de uma alma sombria.
Momentos fugidios... oscilando entre o imenso e o minúsculo, construindo uma vida e repartindo-a em mil pedaços.
Momentos que tocam o mais íntimo, como um relâmpago veloz, que parte logo depois de deixar o corpo a tremer numa alegria louca ou os olhos pasmados num transe calmo de felicidade.
E é através deles que recordamos tudo o que foi belo, tudo o que foi forte, tudo o que foi grande; tudo o que devemos, realmente, considerar como a nossa vida.
E são eles que perduram quando tudo o resto foi levado pelo tempo, pela própria vida...
E são eles que devemos recordar porque a mágoa de um passado é sempre amena; um misto de dor, saudade e sentimento, a luz que nos guia num futuro, lembranças que, ao recordarem-nos o que fomos, nos dão a certeza de que ainda somos e continuaremos a ser... alguma coisa... que vale sempre a pena!

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