Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
(Sophia de Mello Breyner)
28 fevereiro, 2005
26 fevereiro, 2005
Longe...
Longe... é onde quero ir
Livre... já não há volta a dar
Errei, pequei, sofri e chorei
E já esqueci o que pensava recordar
Para bem longe eu me vou levar
Não adianta ficar presa a ti
Foste quem és, e nada vai mudar
E como eu queria saber ser assim...
Estou só triste...
Só sempre fui
E triste fiquei...
Estou longe...
Bem longe... daquilo
Que sempre desejei...
Fev 2004
22 fevereiro, 2005
Ódio por ele? Não... se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei todo o encanto...
Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!
Ah! Nunca mais amá-lo é já bastante!
Quero senti-lo doutra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!
Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda,
Ódio por ele? Não... não vale a pena.
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei todo o encanto...
Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!
Ah! Nunca mais amá-lo é já bastante!
Quero senti-lo doutra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!
Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda,
Ódio por ele? Não... não vale a pena.
Florbela Espanca
20 fevereiro, 2005
18 fevereiro, 2005
Samba de Orly
Vai meu irmão
Pega esse avião!
Você tem razão
De correr assim
Desse frio...
Mas beija
O meu Rio de Janeiro
Antes que um aventureiro
Lance mão!
Pede perdão
Pela duração dessa temporada,
Mas não diga nada
Que me viu chorando...
E pros da pesada
Diz que eu vou levando...
Vê como é que anda
Aquela vida à toa,
E se puder me manda
Uma notícia boa!
17 fevereiro, 2005
14 fevereiro, 2005
Bateu a Saudade...
"Olho-me ao espelho e vejo,
Vejo-me e já não sou:
falta-me a tua metade
que ontem me abandonou.
Falta-me a tua metade
que era parte de mim
e sinto já a saudade
daquele amor sem fim!
E enquanto relembro e choro
essa luz que já passou,
Olho-me ao espelho e vejo -
Vejo-me e já não sou!..."
Do meu Amigo Daniel Pinéu
13 fevereiro, 2005
Feliz Dia de S. Valentim
O Palhaço
"Quando o palhaço a dor num riso esculpe-a
e transmuda-a num ténue pranto, e vence-o,
sente, às vezes, aflição, uma volúpia
que o faz sofrer sorrindo ou em silêncio.
No picadeiro canta e rola e cala,
ninguém sabe quem é, qual o seu nome,
qual a família que a miséria embala,
quais os filhinhos, muita vez, com fome.
Conta histórias, alegre... e logo finda
Sorri e canta alguma coisa linda
Não tinha inspiração mas apelava.
E eu que, pasmado, tanto gargalhava,
fico confuso e mais surpreso ainda
Não sorria o palhaço, e sim, chorava."
12 fevereiro, 2005
Os meus Amigos
"Meus amigos são todos assim...
metade loucura,
metade santidade.
Escolho-os não pela pele,
mas pela pupila...
Tem que ter brilho questionador
e tonalidade inquietante
Fico com aqueles que fazem de mim
"louco" e "santo".
Deles não quero resposta,
quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias
e aguentem o que há de pior em mim.
Coisa de louco...
Louco que senta, horas e horas,
de conversa ou de silêncio
e espera a chegada da lua cheia...
Quero-os santos,
para que não duvidem das diferenças
e peçam perdão pelas injustiças.
Não quero deles só o ombro ou o colo
quero também sua maior alegria...
Amigo que não ri junto,
não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim:
metade bobeira, metade seriedade.
Quero amigos sérios,
daqueles que fazem da realidade
sua fonte de aprendizagem
Mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam
o valor do vento no rosto...
E velhos, para que
nunca tenham pressa.
Preciso deles para saber quem eu sou,
pois os vendo loucos e santos,
bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei que
a normalidade é uma ilusão... estéril!"
metade loucura,
metade santidade.
Escolho-os não pela pele,
mas pela pupila...
Tem que ter brilho questionador
e tonalidade inquietante
Fico com aqueles que fazem de mim
"louco" e "santo".
Deles não quero resposta,
quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias
e aguentem o que há de pior em mim.
Coisa de louco...
Louco que senta, horas e horas,
de conversa ou de silêncio
e espera a chegada da lua cheia...
Quero-os santos,
para que não duvidem das diferenças
e peçam perdão pelas injustiças.
Não quero deles só o ombro ou o colo
quero também sua maior alegria...
Amigo que não ri junto,
não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim:
metade bobeira, metade seriedade.
Quero amigos sérios,
daqueles que fazem da realidade
sua fonte de aprendizagem
Mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam
o valor do vento no rosto...
E velhos, para que
nunca tenham pressa.
Preciso deles para saber quem eu sou,
pois os vendo loucos e santos,
bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei que
a normalidade é uma ilusão... estéril!"
11 fevereiro, 2005
10 fevereiro, 2005
ÉDEN
"Quem pudera
- Na hora mais ditosa -
Segurar o Presente
Prendê-lo num abraço
A esse mundo tranquilo
Cortar as asas ao Tempo
Imobilizar o Espaço
... Eternizando assim
A paz e a alegria
Em que a vida era sempre Hoje
E o Futuro morria!"
de meu primo, Mário Pissarra
- Na hora mais ditosa -
Segurar o Presente
Prendê-lo num abraço
A esse mundo tranquilo
Cortar as asas ao Tempo
Imobilizar o Espaço
... Eternizando assim
A paz e a alegria
Em que a vida era sempre Hoje
E o Futuro morria!"
de meu primo, Mário Pissarra
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