O Mundo não perdoa ao Homem o seu talento, os seus êxitos e os seus gozos. Somente lhe perdoa a morte, e isso nem sempre...
29 agosto, 2005
25 agosto, 2005
Trajecto
Pressenti você por onde andei
nas páginas da história que reli,
nos respingos da lua que bebi,
em meio às contas do rosário que rezei.
Bem que eu tentei mudar de assunto:
alterei o roteiro da viagem,
colhi alfazemas na paisagem,
dedilhei valsas, decorei poemas.
Você veio junto.
Apostei no vento que chegou de fora
e levou um passado embora
numa lufada larga e radical.
Mas quando chego ao destino,
ouço saudades na frase de um violino
e percebo seu beijo em meu ponto final.
Flora Figueiredo
20 agosto, 2005
16 agosto, 2005
13 agosto, 2005
12 agosto, 2005
11 agosto, 2005
Ode ao dia feliz
Desta vez deixai-me
ser feliz,
não aconteceu nada a ninguém,
não estou em nenhum sítio,
acontece somente
que sou feliz,
de coração pleno, quer
andando, dormindo ou escrevendo.
Que hei-de eu fazer, sou
feliz,
sou mais vasto
do que a erva
nas planícies,
sinto a pele como uma árvore rugosa,
a água em baixo,
os pássaros em cima,
o mar como um anel
à roda da minha cintura,
a terra feita de pão e de pedra
e o ar cantando como uma guitarra.
Ao meu lado na areia
tu és areia,
cantas e és canto,
o mundo
é hoje a minha alma,
canto e areia,
o mundo
é hoje a tua boca,
deixa-me
ser feliz
na tua boca e na areia,
ser feliz porque se eu respiro
é a ti que eu devo,
ser feliz porque acaricio
os teus joelhos
e é como se acariciasse
a pele azul do céu
e a sua frescura.
Hoje deixai-me
ser feliz
sozinho,
com todos e ninguém,
ser feliz
com a erva
e a areia,
ser feliz
com o ar e a terra,
ser feliz,
contigo, com a tua boca,
ser feliz.
Pablo Neruda
08 agosto, 2005
07 agosto, 2005
Os amigos são os que nunca partem...
06 agosto, 2005
O Moço
Não me perguntem quantos anos tenho,
e, sim, quantas cartas mandei e recebi.
Se mais jovem, se mais velho... o que importa,
se ainda sou um fervilhar de sonhos,
se não carrego o fardo da esperança morta...
Não me perguntem quantos anos tenho,
e sim, quantos beijos troquei... beijos de amor!
Se a juventude em mim ainda é festa,
se aproveito de tudo a cada instante,
e se bebo da taça gota-a-gota...
Ora! Então pouco se me dá quanta gota resta!
Não me perguntem quantos anos tenho,
mas, queiram saber de mim se criei filhos,
queiram saber de mim que obras fiz,
queiram saber de mim que amigos tenho,
e se alguém pude eu tornar feliz...
Não me perguntem quantos anos tenho,
mas... queiram saber de mim quantos livros li,
queiram saber de mim por onde andei,
queiram saber de mim quantas histórias,
quantos versos ouvi, quantos cantei...
E assim, somente assim, todos vocês,
por mais brancos que estejam meus cabelos,
por mais rugas que vejam em meu rosto,
terão vontade de chamar "O Moço!"
E, ao me verem passar aqui... ali...
não saberão ao certo a minha idade,
mas saberão, por certo, que eu vivi!
Vinicius de Moraes
e, sim, quantas cartas mandei e recebi.
Se mais jovem, se mais velho... o que importa,
se ainda sou um fervilhar de sonhos,
se não carrego o fardo da esperança morta...
Não me perguntem quantos anos tenho,
e sim, quantos beijos troquei... beijos de amor!
Se a juventude em mim ainda é festa,
se aproveito de tudo a cada instante,
e se bebo da taça gota-a-gota...
Ora! Então pouco se me dá quanta gota resta!
Não me perguntem quantos anos tenho,
mas, queiram saber de mim se criei filhos,
queiram saber de mim que obras fiz,
queiram saber de mim que amigos tenho,
e se alguém pude eu tornar feliz...
Não me perguntem quantos anos tenho,
mas... queiram saber de mim quantos livros li,
queiram saber de mim por onde andei,
queiram saber de mim quantas histórias,
quantos versos ouvi, quantos cantei...
E assim, somente assim, todos vocês,
por mais brancos que estejam meus cabelos,
por mais rugas que vejam em meu rosto,
terão vontade de chamar "O Moço!"
E, ao me verem passar aqui... ali...
não saberão ao certo a minha idade,
mas saberão, por certo, que eu vivi!
Vinicius de Moraes
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