28 janeiro, 2006

The Perfect Weekend

Inconstância

Procurei o amor que me mentiu
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...


Florbela Espanca

22 janeiro, 2006



Se os frutos produzidos pela terra
Ainda não são
Tão doces e polpudos quanto as pêras
Da tua ilusão
Amarra o teu arado a uma estrela
E os tempos darão
Safras e safras de sonho
Quilos e quilos de amor
Noutros planetas risonhos
Outras espécies de dor.

Se os campos cultivados nesse mundo
São duros demais
E os solos assolados pela guerra
Não produzem a paz
Amarra o teu arado a uma estrela
E aí tu serás
O lavrador louco dos astros
O camponês solto dos céus
E quanto mais longe da Terra
Tanto mais perto de Deus.


Gilberto Gil

17 janeiro, 2006

Os Opostos...

"Sou muito céptico quanto à possibilidade de declarar morto o amor na cabeça de alguém que passou a odiar o outro. O mais das vezes, o fim do amor apenas é seguro quando deixamos de rezar para que a pessoa seja atropelada; ou já não tentamos encontrá-la com um braço que não o nosso por cima dos ombros.
A pacificação está na indiferença, não no ódio, que continua a ser uma forma de dependência.
Em raciocínio dicotómico, poderíamos dizer que nesses casos o oposto do amor não seria o ódio, mas uma espécie de amnésia afectiva."
Júlio Machado Vaz

E é tão bom quando se sente essa amnésia... :)

14 janeiro, 2006


"Máquina Zero, a adaptação da autobiografia do fuzileiro Anthony Swofford que transporta os espectadores para a sua desorientada experiência na Guerra do Golfo, acompanha as reflexões de Swoff (Gyllenhaal) tanto no acampamento como em missão, carregando o equipamento às costas através do deserto do Médio Oriente, sem qualquer protecção contra o calor intolerável e com os soldados iraquianos sempre potencialmente à espreita no horizonte.
Swoff e os seus companheiros aguentam-se com humor sardónico no deserto escaldante, num país que não compreendem, enfrentando um inimigo que não conseguem ver, por uma causa que lhes passa ao lado.
Este filme realizado pelo já Oscarizado Sam Mendes (American Beauty, Road to Perdition), faz-nos um relato irreverente e verídico de uma guerra decorrida há uma década.
Máquina Zero é alinhavado com humor negro e episódios tão surrealistas como tocantes, trágicos e absurdos."

10 janeiro, 2006


... Não sou certinha, não sou calma, não penso uma só coisa, o sangue me corre quente, sou da briga e quero brincar, dou risada alto, falo baixo, tenho explosões de alegria e fico muito muito triste. Mas não me faço de coitadinha e não choro à toa ou por falta de coragem. (...)
Já que não mata quero despencar em vertigem dolorosa até ao fundo do poço, e quero subir gargalhando até a alegria suprema, e quero me largar nesse amor, entregue feito uma canoa no mar, e quero e quero e quero mais. (...) E, cá pra nós, quando o mundo fica bobo, não é nada mal se entregar assim...
Entre ossos e escrita
Maitê Proença

03 janeiro, 2006

LA VIE EN ROSE...



Des yeux qui font baisser les miens
Un rire qui se perd sur sa bouche
Voilà le portrait sans retouche
De l'homme auquel j'appartiens.

Quand il me prend dans ses bras,
Il me parle tout bas
Je vois la vie en rose...
Il me dit des mots d'amour
Des mots de tous les jours,
Et ça me fait quelque chose...
Il est entré dans mon coeur,
Une part de bonheur
Dont je connais la cause,
C'est lui pour moi,
Moi por lui dans la vie
Il me l'a dit, l'a juré
Pour la vie.
Et dès que je l'aperçois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui bat.

Des nuits d'amour à plus finir
Un grand bonheur qui prend sa place
Des ennuis, des chagrins s'effacent
Heureux, heureux à en mourir.